Burilar a palavra
eu subo a estrada e volto a descer
Burilar a palavra
eu termino a acta que volto a fazer
Burilar a palavra
o quanto me cansa e volto a querer
Destroçar a palavra
que nunca se alcança e destrói o ser
Condensar na palavra
toda a vã ficção e o inútil querer
mais do que é preciso menos faz-me falta
dito é interessante escrito irrelevante
Cem palavras amigas outras cem inimigas
vinte mil traidoras duas são leais
uma é indizível zero no silêncio
toda é emoção
Burilar a sensação
um guarda-chuva amarelo cruzou o meu olhar
Burilar a sensação
um guarda-chuva amarelo cruzou o meu olhar
3 comentários:
Olá Ana Paula
Gostei muito do poema. E eu que não percebo nada de "escrita", acho que entendi o seu poema :)
Palavras "marotas" que fogem ou atacam, mas que neste caso se agruparam, condensaram e burilaram muito bem.
Mas gostei sobretudo do final com a intrusão da sensação...
Bejinhos
Obrigada pela apreciação, Benjamina :)
Dizer-me que o entendeu faz-me feliz.
Beijinhos.
Gostei muito da construção poética, desse "burilar a palavra" até que nela ecoem em uníssono os sentidos extasiados, até que a palavra devenha sensação.
Grato pela partilha
luís filipe pereira
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