quarta-feira, 9 de junho de 2010

Contas à vida

Burilar a palavra
eu subo a estrada e volto a descer

Burilar a palavra
eu termino a acta que volto a fazer

Burilar a palavra
o quanto me cansa e volto a querer

Destroçar a palavra
que nunca se alcança e destrói o ser

Condensar na palavra
toda a vã ficção e o inútil querer
mais do que é preciso menos faz-me falta
dito é interessante escrito irrelevante

Cem palavras amigas outras cem inimigas
vinte mil traidoras duas são leais
uma é indizível zero no silêncio
toda é emoção

Burilar a sensação
um guarda-chuva amarelo cruzou o meu olhar

3 comentários:

Benjamina disse...

Olá Ana Paula
Gostei muito do poema. E eu que não percebo nada de "escrita", acho que entendi o seu poema :)

Palavras "marotas" que fogem ou atacam, mas que neste caso se agruparam, condensaram e burilaram muito bem.

Mas gostei sobretudo do final com a intrusão da sensação...

Bejinhos

Ana Paula Sena disse...

Obrigada pela apreciação, Benjamina :)

Dizer-me que o entendeu faz-me feliz.

Beijinhos.

luís filipe pereira disse...

Gostei muito da construção poética, desse "burilar a palavra" até que nela ecoem em uníssono os sentidos extasiados, até que a palavra devenha sensação.

Grato pela partilha

luís filipe pereira

The Beggar Maid
Sir Edward Burne-Jones
Theseus in the Labyrinth
Sir Edward Burne-Jones

Obrigada!

Veio do aArtmus

Obrigada!

Veio do Contracenar

Obrigada!

Obrigada!

Dedicatórias

Todos os textos - À Joana e à Marta