segunda-feira, 4 de abril de 2011

04 de Abril de 2011

estava aqui a pensar em escrever-te uma carta de amor. daquelas bem ridículas tal como as designou o mestre da filosofia das cartas de amor. mas nisto deparei-me com o facto de ser extremamente difícil ser ridícula. é uma limitação quase certa. porque se eu te escrever qualquer coisa como: meu amor eu queria enfeitar o céu todo só para tu passares e seres à hora do crepúsculo aquela única estrela que pode iluminar-me... sendo que isto assim dito poderia não ter fim... bom se eu te escrevesse isto acho que não conseguiria ainda ser suficientemente ridícula. e de todo o modo é ridículo porque como poderias tu voar pelo céu à hora do crepúsculo sem imediatamente caíres submetido à força da gravidade? claro que posso acrescentar seres tu o único ser humano que conheço com asas e capaz de voar desafiando todas as probabilidades. ou seja o meu amor aquele que tudo pode na minha perspectiva. já estou entretanto a perceber que assim a carta começaria a ficar suficientemente ridícula para poder ser considerada uma carta de amor. o que só poderia levar-me a equilibrar as coisas até porque eu nunca quereria que desafiasses todas as probabilidades e pudesses magoar-te nesse tão lindo vôo a cruzar o luar até seres o único objecto visível para mim no firmamento. neste ponto começo a pensar que o mais ridículo de uma carta de amor é querer-te nela meramente invocado de forma humana e conseguir dizer-te alguma coisa importante porque realizável com a fantástica perturbação inerente a todo o estado amoroso. e agora... que estranho: até me parece que ser ridícula começa finalmente a ser fácil. basta dizer-te de modo muito claro: tu és o meu amor e por isso o meu olhar acompanha-te... e dizer-to fica tão mais ridículo simplesmente porque é possível. devo ainda acrescentar porque afinal as coisas do amor nunca são assim tão simples: podes entender por olhar o que nele quiseres ver. e enfim parece-me que consegui ser suficientemente ridícula para isto poder considerar-se uma carta de amor. falta o remate final: esta cartinha é para ti.

6 comentários:

Miguel Gomes Coelho disse...

...e de certeza que o destinatário adorará...
Um abraço, Ana Paula.

Mar Arável disse...

Quando o amor não é partilhado

todas as cartas são ridículas

Gostei do seu texto

tiaselma.com disse...

Queria que a carta seguisse o destino das cartas...

Beijocas, Aninha!

Há.dias.assim disse...

Linda esta carta. Meus Deus como eu já fui ridícula. Que saudades...

Unknown disse...

deu para ter a certeza do que já pressentia: é do amor que sinto falta.
Obrigada, Ana.

Unknown disse...

deu para ter a certeza do que já pressentia: é do amor que sinto falta.
Obrigada, Ana.

The Beggar Maid
Sir Edward Burne-Jones
Theseus in the Labyrinth
Sir Edward Burne-Jones

Obrigada!

Veio do aArtmus

Obrigada!

Veio do Contracenar

Obrigada!

Obrigada!

Dedicatórias

Todos os textos - À Joana e à Marta