Afinal o mundo dos homens e das mulheres era assim mesmo um lugar submetido à lei das compensações. "Dás-me isto eu dou-te aquilo" e a voracidade infernal e amoral de manter fantasias lucrativas por cima de toda a folha outonal. Alguns vinham dessa tradição kantiana a da pessoa como um fim em si mesmo mas isso já não se usava. Agora tinha muito mais sucesso o niilismo radical do salvar a face - ou a vã glória de mandar e dominar os sonhos de outrém por sua vez subjugado perante uma só possibilidade que fosse de galgar alguns degraus nessa quimera da ascenção social - incomoda diz-se um símbolo mais libertário menos de liberdade.
Olho o céu imenso digo-o as nuvens que passam deixando rastos de pequenas tempestades dizem que o tempo passa. À superfície a terra acidentada. Percorro-a com o olhar. O que se vê vem agora de uma outra perspectiva imbuída das imagens dos satélites. Que sonhos para sonhar os daqueles que hoje nascem? pergunto no suave cair das folhas lânguidas das árvores escassas perguntam que amanhã? Vi hoje uma rapariga e ontem era um rapaz pois nada disso importa traçavam um caminho. No bolso do casaco havia um GPS-Vida. Amanhã debaixo de um sol brilhante vou ver um senhor todo-poderoso dedo esticado sentença de morte nada disso importa. Há casas a construir. O vento é forte. Apanho os cabelos que me tapam a visão teimosos. Focos infecciosos na terra proliferam à luz do dia. Vi hoje uma mulher em luta nada disso importa entrar na epidemia ficar contaminada dizem que conta sim. Gostava de escalar uma montanha mas não tenho tempo. Fica para amanhã.
Aqui nesta janela há mar há esperança. Há a fronteira das primeiras chuvas. Estou no limiar assustador da tempestade. Ouvi hoje o ruído do trovão. Tudo parece estar bem. O mar é salgado. Posso pousar as mãos ao de leve no instante da formação das ondas. Sem as desmanchar. E se assim é tudo é possível.
Aqui nesta janela há mar há esperança. Há a fronteira das primeiras chuvas. Estou no limiar assustador da tempestade. Ouvi hoje o ruído do trovão. Tudo parece estar bem. O mar é salgado. Posso pousar as mãos ao de leve no instante da formação das ondas. Sem as desmanchar. E se assim é tudo é possível.
8 comentários:
Gostei de ler. Continua a não desmanchar as ondas desta forma.
beijinhos
Olá Ana,
Como sempre nada menos que genial! Amo teus textos, parabéns.
Perdemos o fôlego sem a pausa das vírgulas e diante da maestria com que constróis a narrativa.
Resulta brilhante!
Beijocas.
No limbo do sonho reside a força do amanhã.
Lindo.
Bj.
Ana, o que de mais sem graça... vida guiada a GPS, não? Onde o inesperado ao dobrar-se aquela esquina?
Bom mesmo é que nada fique para amanhã. Pois que tudo é possível.
Beijocas da leitora.
sim srª :))))
Apreensão pelo devir ignoto,
por tudo levar a crer
grande ir ser a diferença
em relação ao tempo presente.
Inch'Allah, o género humano
não pereça e um salto civilizacional
possa dar-se, vitorioso.
"Afinal o mundo dos homens e das mulheres era assim mesmo um lugar submetido à lei das compensações. "Dás-me isto eu dou-te aquilo" e a voracidade infernal e amoral de manter fantasias lucrativas por cima de toda a folha outonal. Alguns vinham dessa tradição kantiana a da pessoa como um fim em si mesmo mas isso já não se usava. Agora tinha muito mais sucesso o niilismo radical do salvar a face - ou a vã glória de mandar e dominar os sonhos de outrém por sua vez subjugado perante uma só possibilidade que fosse de galgar alguns degraus nessa quimera da ascenção social - "
Gosto mesmo disto. :)
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