Viaja comigo ao centro da terra
eu pego na tua mão e trememos na escuridão
viaja comigo ao centro da noite
após mergulharmos na cratera de um extinto vulcão
há que desenhar mistérios coloridos com as nossas mãos
e aí
numa paz ardente liquefeita toda em redor
seremos completamente nós
nesse dia viajante do tempo
e nos sons... nos sons que nos habitam
na penumbra iluminada dos nossos olhos
faremos descobertas
além do norte e do sul
e de qualquer outra direcção
revolveremos a terra
até à raíz do que somos
remontaremos a um tempo antes
para esculpir a terra
dos teus ideais
sem o desgaste rápido
das minhas utopias
ou falhas de emoção
nos meus carentes matizes
viaja comigo ao centro do dia
tu pegas na minha mão
vejo-te na luz e na sombra
gravo-te todas as cores
que ainda me vais ensinar
reencontraremos esses teus e essas minhas
raízes em nós noite e dia
sem repouso e sem sossego
viaja comigo ao centro da terra
com a chama interna à superfície
para acender outros corações
que batem adormecidos
e despojados de sonhos
iremos agora ou amanhã
iremos se vieres comigo
se não vieres não iremos
irei
4 comentários:
Lindo demais,Ana!
Eu fico tão vaidosa por tê-la em "minha" blogosfera...
Beijocas!
Obrigada, Selma :)
Eu é que fico vaidosa, por tê-la como leitora!
Beijinhos
Gostei muito deste poema Ana Paula, tem força visceral!...
Este tempo quente tem me levado muito para a leitura de poesia. Leio um poema, fico indolentemente um tempo a pensar e depois outro...gosto de viajar por palavras poéticas!
Beijinhos.
Manuela
Obrigada, Manuela :)
Talvez tenha um pouco a força dos ideais dos tempos de adolescência, tempo no qual um mundo melhor parece depender de nós. Depois, descobre-se que depende, sim, mas em pequena parcela. E que é também muito mais complicado. O que não deverá, de modo algum, demover-nos dos nossos propósitos.
Abraço
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