Quanto no amor se depura até que seja amor. E sabes desgosto desta palavra prefiro calar o amor. Afinal assim que o temos algo nele logo declina já não é mais que poder. Até ao poder dizê-lo. Posso mesmo confessar: preferia-me imune a tal tema. Tenho os meus próprios tabus. Cada palavra que escrevo é uma a mais que destrói esse núcleo amoroso. Mas... o que o verbo desafia! fá-lo sem paralelo quando é acerca do amor. Se ao menos fosse capaz... dizê-lo apenas com gestos... a minha boca cerrada muda e quieta calada. Se as mãos em vez de escreverem ensaiassem floreados criados e oferecidos aos meus dedos contorcidos... Tudo seria mais belo. Mais difícil de gastar.
Portanto como bem vês há um amor que é poder. É o poder de dizê-lo sem que jamais seja dito. Melhor seria o silêncio que nem sequer o diz. Quem sabe um dia te digo e bem melhor (mas calada) desta partida perdida que só vence ao perecer.
Não sei nem explico porque digo estes ditos. Talvez que o dizê-los seja fatalidade destino nosso o de querer fazer nascer estas palavras...
E no entanto é certa uma vez e o mundo existia mais além numa planície longínqua e desértica. A sua imensidão era tanta que ao percorrê-la ninguém cruzava outro alguém. Era então este mundo um mundo todo varrido por ventos e em solidão. Mas como creio bem sabes todo o deserto se quebra nalgum lugar um oásis fruto de alucinação. Neste tipo de paragens onde aflora o paraíso há sempre coisas mais belas. Como é o caso de um encontro. Entre seres sequiosos. Pois o que há mais nos desertos é esta falta de tudo o que é preciso beber. Algures sob sombras refrescantes onde a água sussurrava a vida parecia crescer. Não bebiam mas já os olhares se cruzavam com receio de perder: uma gota de água ou o seu ímpeto vital.
Resta-nos imaginar... que há amor - instantâneo do olhar micro-instante inexplicável. Entre a sede e a solidão toda a vida se devora. Esquecidos perdidos mergulham em olhares desejosos. Não é preciso beber. Mas bebem. E aí ah! todo o deserto é frescura debaixo de um sol mortal! Pode a vida decorrer... no serem felizes para sempre.
Um belo dia mais tarde neste lugar tão oásis sem saber como alguém disse: "amo-te". Foi uma bela promessa. Impossível duvidar. Só que também levou à questão da tâmara - questão simbólica é certo mas há frutos capazes de tudo. Mesmo até de discordar. Caída na areia sepulcral destacava-se uma tâmara dourada-avermelhada brilhante demais suculenta demais capaz de representar quer a cobiça quer a renúncia do amor - assim se gerou o foco da tensão amorosa. Foco de vida foco de morte. Foco de luta e de conquista. Símbolo de posse. Expressão de poder.
Humm... não há como dizer um belo e promissor "amo-te" se com isso todo o fruto especial fica para o outro objecto do amor. Penso eu nisto tudo e recordo. Afinal também houve um dia e muito bem me explicaste que existem balanças. Ofereceste-me uma. Ora então vamos trazê-la para aqui e pesar. Que tal? Pois bem me parecia: a tua tâmara pesa mais que as minhas.
Que mais posso eu dizer? Impossível explicar o amor. Mal consigo nomeá-lo. E por falar nisso: comes uma tâmara comigo?
Não sei nem explico porque digo estes ditos. Talvez que o dizê-los seja fatalidade destino nosso o de querer fazer nascer estas palavras...
E no entanto é certa uma vez e o mundo existia mais além numa planície longínqua e desértica. A sua imensidão era tanta que ao percorrê-la ninguém cruzava outro alguém. Era então este mundo um mundo todo varrido por ventos e em solidão. Mas como creio bem sabes todo o deserto se quebra nalgum lugar um oásis fruto de alucinação. Neste tipo de paragens onde aflora o paraíso há sempre coisas mais belas. Como é o caso de um encontro. Entre seres sequiosos. Pois o que há mais nos desertos é esta falta de tudo o que é preciso beber. Algures sob sombras refrescantes onde a água sussurrava a vida parecia crescer. Não bebiam mas já os olhares se cruzavam com receio de perder: uma gota de água ou o seu ímpeto vital.
Resta-nos imaginar... que há amor - instantâneo do olhar micro-instante inexplicável. Entre a sede e a solidão toda a vida se devora. Esquecidos perdidos mergulham em olhares desejosos. Não é preciso beber. Mas bebem. E aí ah! todo o deserto é frescura debaixo de um sol mortal! Pode a vida decorrer... no serem felizes para sempre.
Um belo dia mais tarde neste lugar tão oásis sem saber como alguém disse: "amo-te". Foi uma bela promessa. Impossível duvidar. Só que também levou à questão da tâmara - questão simbólica é certo mas há frutos capazes de tudo. Mesmo até de discordar. Caída na areia sepulcral destacava-se uma tâmara dourada-avermelhada brilhante demais suculenta demais capaz de representar quer a cobiça quer a renúncia do amor - assim se gerou o foco da tensão amorosa. Foco de vida foco de morte. Foco de luta e de conquista. Símbolo de posse. Expressão de poder.
Humm... não há como dizer um belo e promissor "amo-te" se com isso todo o fruto especial fica para o outro objecto do amor. Penso eu nisto tudo e recordo. Afinal também houve um dia e muito bem me explicaste que existem balanças. Ofereceste-me uma. Ora então vamos trazê-la para aqui e pesar. Que tal? Pois bem me parecia: a tua tâmara pesa mais que as minhas.
Que mais posso eu dizer? Impossível explicar o amor. Mal consigo nomeá-lo. E por falar nisso: comes uma tâmara comigo?
8 comentários:
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Adoro os desenhos de Tâmara Lempicka,
assim como o fruto delicioso que a tâmara é!
Um belo enredo, meditado, sentido,
o do amor indizível mas brotando
do deserto, da sede, do doce
sabor da tâmara... palavras?
Sim: «amo-te».
:)
claro que como uma tâmara contigo :)
aqui as ameixas ainda não estão maduras, depois trocamos... :)
um beijinho Ana Paula
Classsificar, nomear... Melhor mesmo saborear. Como às tâmaras.
Belo post. Tem uma doçura...
Uma beijoca da leitora.
q maravilha!
o 2 parágrafo e verdadeiramente filosófico, mas todo o conjunto revela a poesia da vida que é o amor, ele mesmo!
e sim, como uma tamara em sorriso cordial ;) bj
"Entre a sede e a solidão toda a vida se devora." Perfeito.
Ana Paula,
O amor deve ser uma descoberta permanente... ainda que seja a doçura de uma tâmara!
Beijos...
Ana Paula...
Vim reler-te... e deixar-te um beijo!
ninguém sabe nada do amor ....mas mesmo nada !
gostei de te ler
passarei por aqui
bj Teresa
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