Queria dizer-te tanto tanto e falar-te do impossível. Do quanto e do como te acompanho nas fracções de segundo ou do tanto que o instante muda se te vejo ou te não vejo aqui na distante proximidade onde habitamos uma dimensão fugaz que tento agarrar com as palavras escritas mas não-ditas solitárias à deriva no terno silêncio que desconhecemos tanto quanto o calor inventado logo pela manhã para criar a pequena ilusão que parece então aquele oxigénio único e respirável a guardar no frasco maior e mais resistente da doce compota dos sonhos que serve para barrar o pão que é o desejo imenso de te descobrir por entre a multidão... e ali estás tu não inventado mas existente por entre a penumbra da lucidez. À mesa espera por mim essa escrita objectiva a única capaz de esquartejar o ser mas que não te diz nem pode mostrar-te aos olhos ansiosos que querem ver-te por completo mais uma vez. O mundo não vai acabar e eu diria por vezes que ele não terá fim apenas para que possas existir todos os dias mais uma palavra-flecha que preenche o vazio do universo como se foras uma estrela da manhã e às vezes da noite também. Não posso fazer de ti todo um senso delicado neste lugar instável onde te toco com os dedos da imaginação. Mas posso fazer de ti constantemente um mar imenso que volta sempre para tocar o areal desértico do verbo por ti sem princípio nem fim.
2 comentários:
Ana Paula,
Arrepiei-me, pela beleza e interioridade, ao ler este seu lindíssimo texto.
Um abraço.
Magnífico. Parabéns!
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